O Tibet é o mais pop entre os não-países do mundo livre de hoje. Popularidade conquistada graças ao carisma de seu líder teocrático, o Dalai Lama, ao mesmo tempo chefe de Estado e líder espiritual dos budistas tibetanos.
A campanha do Dalai Lama pela libertação do Tibet coincide com a triste história de conflitos que a região passou ao longo da segunda metade do século XX. O conflito poderia ter sido resolvido ainda na década de 50, durante a primeira invasão chinesa ao país, mas a ONU estava ocupada matando coreanos na Guerra da Coréia e não deu muita importância àquele enclave autônomo invadido pela recém nascida República Popular. Em seguida, os chineses tornaram-se uma potência nuclear com o auxílio soviético e nunca mais se tocou no assunto Tibet.
A única importância conhecida da inóspita região para os chineses é estratégica: no Tibet, estão dois terços de todas as fontes de água que abastecem o imenso país. Sem o controle sobre o Tibet, a China perderia o controle destas fontes e estaria à mercê de chantagens políticas e econômicas. Assim como no caso de Siachen, o motivo é controlar um commoditie que pode ter muito valor em um futuro não muito distante, e que já começa a ficar escasso no país.
A luta tibetana está baseada na preservação dos costumes e tradições étnicas dos tibetanos. Hoje, a região é majoritariamente habitada pelos Han chineses, e os tibetanos são um dos maiores grupos de refugiados da região, atrás no mundo de hoje apenas dos palestinos. O que mantém a coesão cultural tibetana é o apego aos costumes ancestrais e à religião budista, ou lamaísmo, já que seu líder é considerado um Lama (grande monge).
Não existe solução imediata para o problema do Tibet. Independência é algo fora de cogitação para os chineses, e uma campanha internacional não é suficiente para demover o governo de Beijing de posições assumidas historicamente. O poderio ditatorial da dinastia Han está fadado a persistir ainda por muito tempo, tempo este que parece faltar aos desejos da população tibetna atualmente.
No destaque, a paisagem tibetana, cercada pelas geleiras eternas, fonte de cobiça para a China:
No destaque: Lhassa, capital espiritual do Tibet