01 novembro, 2006

Série Países Oprimidos a Milênios e apegados à sua terra natal e seus costumes 37 - País Basco/Euskal Herria



Acima: a bandeira basca e abaixo, uma das muitas montanhas dos Pireneus, na divisa entre espanhóis, franceses e bascos.



O país Basco é provavelmente o mais famoso entre todos os países oprimidos que ninguém conhece. Na minha preferência, só perde para as Falkland. Etnicamente coesos a milênios, os bascos nunca chegaram a tornar-se uma entidade estatal eficiente e estável, e acabaram divididos já no século XVI entre os reinos da Espanha e França.
Existem muitas controvérsias a respeito da origem dos bascos. Sua língua não têm congênere em todo o mundo, e provavelmente permaneceu inalterada por séculos. Não se encaixam nas migrações modernas, e algumas teorias colocam os bascos como remanescentes dos primeiros colonizadores indo-europeus. Isolados em suas montanhas e pelo golfo quase intransponível para as antigas embarcações, a civilização basca desenvolveu-se com bases econômicas diversificadas, como mineração e pecuária.
Após a conquista romana da Ibéria, as populações culturalmente celtas (o mais antigo povo indo-europeu de então) lentamente foi sendo assimilada ou expulsa de suas terras. Os bascos permaneceram virtualmente livres. Atravessaram a fragmentada Idade Média como parte de pequenos condados e marcas locais. Durante o nascimento das monarquias nacionais na Ibéria, os bascos permaneceram coesos etnica e culturalmente, prestando vassalagem ao reino de Navarra.
Com a unificação da Espanha, lentamente perderam sua autonomia e, no período pós revolução Francesa, os bascos foram integrados à força aos reinos absolutistas. Durante o período da ditadura de Franco, os grupos nacionais que compunham a Espanha, como galegos, catalães e bascos, foram duramente reprimidos, visando a uma nacionalização sob a cultura castelhana. Apenas com a morte de Franco, aos poucos as proibições concernentes à cultura basca foram cedendo.
Durante o período de repressão, em meados dos anos 60, surgiram os grupos separatistas que, por meio de violentas ações contra figuras chave do governo central e da população civil, buscavam chamar a atenção para o problema basco. A luta recrudesceu apenas em 2006, com o cessar fogo definitivo entre as forças do ETA, o principal grupo de oposição, e o governo espanhol.
O que procuram os bascos hoje? Principalmente autonomia política (alguns mesmo a independência total) e valorização da cultura local. A autonomia política atualmente está num meio termo entre a auto-determinação e a presença de unidades de auto-governo, similar a das ilhas Aaland. Já a cultura basca florece novamente com a instituição de um governo autônomo local, da promoção da língua e da cultura basca, através da educação.

Em destaque: Mapa do País Basco, entre Espanha e França



Em destaque: os vales entre montanhas são uma característica topográfica do País Basco



Em destaque: Bilbao, o maior centro urbano basco