04 setembro, 2009

Série Países prestes a ser tornar independentes ou se incorporar ao invasor 55 - Porto Rico

No mapa, Porto Rico e sua localização na América Central insular

Porto Rico tem um status peculiar: sem dúvida, é a maior colônia norte americana no mundo, mas não é reconhecida como tal. Tem oficialmente o título de Estado Livre Associado, um eufemismo para quem não tem representação no congresso, não tem direitos políticos e contribui com um terço de sua população para manter as forças armadas dos Estados Unidos. Porto Rico possui um governador, que é eleito pela população local e se subordina ao Congresso americano e, embora seu chefe de Estado seja o presidente dos Estados Unidos, este não pode ser escolhido pela população local, pois ela não tem direito a voto.
A região conta hoje com cerca de 4 milhões de habitantes, um alto IDH (ligeiramente inferior ao americano), divididas em uma minoria norte-americana e uma maioria porto-riquenha hispânica. Economicamente, Porto Rico depende do turismo, especialmente o norte-americano, e das rendas de milhões de exilados econômicos que prestam serviços no vizinho do norte. De fato, a população porto-riquenha no exterior excede, e muito, a que ficou na ilha.
Tirando o fator cultural, porto-riquenhos e americanos possuem laços econômicos difíceis de se cortar, mesmo em tempos de crise econômica mundial. As propostas de independência do território foram feitas em 1998 e a população escolheu continuar seu status quo, uma vez que não possuem um horizonte muito amigável caso resolvam se tornar independentes. Também rejeitaram a anexação aos Estados Unidos, o que apenas ampliaria os direitos e também os deveres da população, como a cobrança de impostos federais. Os porto riquenhos não tencionam cortar a ajuda federal para o território, mas se quiexam de que por não se tratar de um Estado da União, sofre com a demora da chegada de verbas e a falta de representatividade, que só seria resolvida com a anexação.



Vista de Vieques, ilha de Porto Rico, e sua paisagem caribenha típica


A infra estrutura porto riquenha é voltada para o turismo


Laços culturais com os americanos incluem o esporte, como basquete e baseball

01 setembro, 2009

Série Ilhas Mediterrâneas encravadas entre as civilizações otomana e bizantina 54 - Chipre do Norte

Mapa do Chipre, com a divisão da ilha entre gregos e turco-cipriotas (sul e norte)

O Chipre do Norte é uma divisão não oficial da ilha de Chipre, reconhecida em todo o mundo como um país independente. O que poucos sabem é que o país é rasgado ao meio pela divisão étnica e cultural de sua população, que dependendo do lado da fronteira artificial erguida entre os dois povos pode ser definida como grega ou turca.
Pra entender a divisão do país que só se tornou um fato real em 1974, após um golpe de estado grego e a invasão do norte pelo exército turco, é preciso remontar ao passado, ou pelo menos dar uma espiada em sua história conturbada e conflituosa.
Durante a maior parte de sua história, o Chipre foi habitado por tribos micênicas com alguma ligação política e cultural com a antiga Grécia. Durante o período romano, foi província imperial e uma importante fonte de recursos, especialmente cobre. Com a queda do Império, a província foi herdada pela parte oriental, ou Bizâncio, pouco afetada pela queda do Ocidente e que manteve o controle sobre a ilha. A conquista da civilização bizantina pelos turco-otomanos no século XV levou as regiões de seu controle para o controle turco, e assim começou a participação desta população na história do estado cipriota.
Os turcos ocuparam diversas áreas do Chipre e tornaram-se de fato parte da comunidade cultural cipriota, embora a maioria da população fosse grega. O país manteve-se coeso pela força das armas otomanas, até que a derrota dos turcos na Primeira grande guerra e o fim do império otomano colocasse todos os antigos territórios de população não-turca, incluindo aí a Palestina e países da região, nas mãos do Reino Unido. Em 1960 o Chipre já era um país independente.
O projeto de constituição cipriota previa a presidência grega e um poder de veto da comunidade turca, minoria significativa da população, nas ações do governo, por meio de uma vice-presidência. Obviamente não funcionou: a única maneira comprovada de se obter colaboração de uma comunidade nacional etnicamente diferenciada dos detentores do poder é dar a essa minoria uma ampla margem de autonomia, tanto cultural como econômica e política. Isso raramente é tentado, mas nos diversos casos em que foi feita funcionou muito bem, como nas Aaland e no território Nuvanut.
A população turca passou a sofrer nas mãos da maioria greco-cipriota diversos tipos de discriminação e foi afastada das decisões do país. Quando em 1974 um golpe de estado proclamou a expulsão dos turcos e a união do país com a Grécia, o exército da Turquia invadiu a parte norte da ilha e proclamou unilateralmente a independência do novo 'país', com o nome de República Turca do Chipre, ou Chipre do Norte. Desde então, o conflito que chegou a ser armado passou ao status de latente, com tropas da ONU estacionadas na região para manter uma área desmilitarizada entre as duas regiões.
A base da divisão grego-turca é a luta incessante pela afirmação cultural de ambos os povos, que se arrasta a séculos e não tem solução fácil, exceto talvez pela educação das gerações futuras. A resolução deste conflito talvez sirva de exemplo para outros mais abrangentes, utilizando-se de leis mais tolerantes e proclamando a absoluta necessidade de se fazer compreender e respeitar as características culturais de cada comunidade que formam o país, hoje membro da UE, exceto sua parte turca.


Vista de um porto cipriota, uma típica paisagem mediterrânea


A paisagem urbana do Chipre


Base de Akrotiri, pertencente a RAF britânica, e usada como parte do processo de paz da ONU na região