08 março, 2006

Série Povos Expulsos de seus lares sem a mínima complacência em pleno século XX - Ilhas Chagos e Diego Garcia




Nosso vigésimo país oprimido que ninguém conhece merece menção honrosa em nossa publicação. O arquipélago de Chagos é um território dependente da Grã Bretanha, com o nome de British Indian Ocean Territory, e sua população, exilada, ultrapassa dois mil habitantes. É, segundo a rede BBC, um dos episódios mais sórdidos da sórdida história britânica. Durante as décadas de 60 e 70, os habitantes de Chagos, cuja maior ilha é Diego Garcia (a mais conhecida), foram discretamente expulsos de suas terras e exilados em Seichelles e Maurício. O motivo: os americanos, que não têm nada a ver com o território, decidiram instalar uma base militar na região, que serviria para bombardear países locais, que ousassem desafiar as ordens de Washington. Foi daí que partiram os últimos ataques norte-americanos, contra Afeganistão e Iraque. Além da localização convenientemente estratégica, as ilhas servem como meio de demonstração do poderio americano na região. Um avião bombardeiro B-52 ou um Stealth poderia, saindo de Diego Garcia, alcançar qualquer país da costa leste da África, sul da Ásia ou mesmo chegar à Oceania.
O caso das ilhas Chagos é uma mistura de racismo puro e simples, desejo de poder e desrespeito às normas que regem a declaração Universal dos Direitos Humanos, que pouquíssimos países no mundo podem alegar cumprir. Em 2000 a Suprema Corte Britânica decidiu que a ordem de expatriação dos chagossianos era ilegal (rá, rá, rá) e eles poderiam voltar, exceto para Diego Garcia, onde ficam os cães assassinos de aluguel dos EUA. Resta saber porque a ONU permitiu a deportação em 1960-70 (que pergunta estúpida, a ONU não permitiu, mas quem se importa?) e até hoje não promulgou nenhuma sanção contra Grã Bretanha e Estados Unidos?