27 março, 2009

Série Países que nunca tive coragem de abordar neste espaço 53 - Palestina

A Palestina é sem dúvida um dos mais antigos países sob ocupação estrageira atualmente. Seu povo é cativo político e militar nos últimos 5 mil anos de outras potências estrangeiras. Já foi território egípcio, babilônico, hitita, assírio, grego (helênico), romano, árabe, cruzado, otomano e britânico, entre os principais. Salvo raros momentos, nunca tiveram o controle sobre suas vidas, e lutaram sempre para expulsar os usurpadores de seu território.
Os palestinos atualmente são culturalmente muito próximos dos árabes muçulmanos e demais países muçulmanos da região, cujas fronteiras artificiais não escondem a profunda ligação cultural entre eles. A Palestina propriamente dita compreende toda a região ao sul do Líbano até o Egito, entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. Foi inventada pelo imperador romano Adriano, que no século I expulsou a maior parte dos rebeldes judeus da região após uma guerra que durou anos.
Na década de 1890, iniciou-se a invasão da região por parte dos europeus de origem judaica, especialmente dos territórios do Império Russo, da Áustria-Hungria e da Prússia. O movimento de pessoas em direção ao território e seus métodos de violência expulsaram milhares de famílias palestinas, num autêntico pogrom. Interessante notar que os massacres perpretados pelos europeus de religião judaica contra os palestinos não diferem muito daqueles que eles róprios sofriam durante sua permanência na Europa cristã.
O que cumpre notar é que no final da década de 40 a ONU validou a invasão européia da região e declarou a intenção de criar na região dois estados, um árabe, a Palestina, e outro judaico, Israel. Claro que não podia dar certo. Os palestinos guerreavam contra os judeus a décadas, e sabiam que tal aval significaria apoio de diversos países ao estado judaico, já que teriam que defender a resolução da ONU... A criação unilateral do estado de Israel deu o apoio logistico e militar necessário aos recém-chegados invasores para manterem-se em suas posições. Quando o estado de Israel se sentiu fortalecido, iniciou uma lenta mas imperiosa expansão, que visa tão somente ocupar áreas antes habitadas pelos palestinos. Lembra muito a conquista do Oeste americano, a partir de 1850; as mesmas justificativas: somos o povo escolhido, eles são pagãos, estamos levando a civilização ao lugar. É provável que o final seja o mesmo. Só gostaria de saber se, quando Israel tiver tomado toda a Palestina, vai se contentar com isso ou vai continuar avançando...
Enquanto isso, o maior número de refugiados da história da humanidade vive suas vidas num território sem estado, sem amparo das leis, sem garantias políticas, sem direito a propriedade ou a serviços básicos. O motivo é o de sempre: o irrefreável racismo e falta de caráter da humanidade, que cinicamente já engoliu crimes maiores, embora não menos importantes do que ocorre contra o povo palestino.

No detalhe: a fronteira 'movel' da Palestina, muito similar a existente entre Estados Unidos e México